Texto escrito por Karla Cristina Gaspar – Psicóloga. Psicoterapeuta. Doutora em Saúde Mental.
Os profissionais da saúde estão em constante desafio para manter o equilíbrio da saúde mental e buscam aliviar a dor psíquica que acomete a todos em algum momento da vida.
A definição de dor psíquica pode ser dada por vivências emocionais que não são compreendidas profundamente pelo sujeito que a experienciou, e por isso, abalos emocionais podem ocorrer. As adversidades podem ser desde acontecimentos cotidianos até mesmo a grandes catástrofes ou tão somente questões de ordem existenciais. As pessoas sentem de forma bastante particular e peculiar.
A questão da dor psíquica não é somente o que aconteceu fora do sujeito, mas, primordialmente como a circunstância foi sentida pelo sujeito. A subjetividade é a digital do indivíduo, ou seja, trata-se de uma marca única em um espaço mental que é extremamente íntimo. É por meio da subjetividade que o indivíduo se relaciona consigo e estabelece relações sociais.
Dor Psíquica e o Sofrimento Psíquico
A dor psíquica é o pronunciamento do sofrimento psíquico. O sofrer se reveste com múltiplas emoções: aflição, amargura, abalo, desgosto, angústia, inquietação, martírio, desconsolo. A construção do sentir se dá pela forma como a sensação e a percepção se agregam. E isso tem origem na constituição psíquica de cada indivíduo.
Ao sermos acometidos por algum tipo de sofrimento, possibilidades emergem em nossa mente na tentativa de lidar, suportar, padecer, anestesiar, abafar, negar, morrer. Qualquer que seja a ação, é o sentir que está clamando para ser reconhecido, é o sentir que está em urgência, é o sentir que está pedindo para existir em nossa consciência. As emoções gritam em nossa alma para serem auscultadas e, portanto, nomeadas. O sentir não tem localização em nós, o sentir é o todo de nós. O sentir é o entrelaçamento do corpo com a psique. O sentir é a comunicação das emoções. A todo momento emoções transitam em nós, em um dinamismo intenso e profundo.
As emoções e a saúde mental
Emoções são como o ar que respiramos, que nos oxigena, nos dá vitalidade para existir, entretanto não a vemos. Emoções são como sangue que circula e transporta nutrientes para nossa vida emocional. Porém, em alguns momentos podem ser hemorrágicas também, quando abrem-se em feridas e rompem a pele psíquica e se revelam em choro, desespero, desesperança, desamparo e por isso necessitam transbordar, esparramar, suplicam para serem estancadas, compreendidas, pronunciadas, para enfim serem cuidadas.
O sentir é a emoção tocando a alma, toque esse que poderá abrir caminho para as palavras.
“É por meio das palavras que as emoções ganham sentidos.” – Karla Gaspar
Palavras e Emoções – Travessia na Trajetória do Sentir
Palavras bem faladas chegam como amparo no sentir e apaziguam a dor psíquica. Emoções que foram processadas por ouvidos atentos, suaves e acalentadores, a boca consegue soltar palavras que permitam que as emoções descansem, gerando cumplicidade no sentir. As emoções flutuam em serenidade quando palavras tocam o âmago do sentir. Palavras nutridas de afetos, afetam com alívio a dor psíquica.
Palavras dando Sentido ao Sentir
As palavras preenchem de sentido o sentir que estava congestionado pelas emoções incompreendidas. E quando isso ocorre, as emoções não são mais sombrias e temidas porque tornam-se aliadas na trajetória do sentir. Expandem-se e transformam-se o sentir repleto de sentido, com um tom mais brando. O sentir vai se tornando mais conhecido pelo sujeito, e é por isso que o sentir se torna um interlocutor de vivências e experiências mais destemido para o próprio sujeito, afinal sentir-se a si e em si é estar vivo!
Assim sendo, reconhecer a dor psíquica é uma ação que poderá mostrar possibilidades de cuidar da Saúde Mental.
Lean Healthcare e a Saúde Mental na Área da Saúde
Esse texto da Psicóloga Karla Gaspar traz o aspecto da dor em sua essência clínica. E nosso leitor deve se perguntar: a saúde mental faz parte do Lean Healthcare? E nossa resposta é: tudo o que se relaciona às pessoas, estão relacionadas ao Lean.
Respeito pelas Pessoas: Pacientes e Profissionais
Todos nós, profissionais de saúde, cuidamos dos pacientes e há que se desenvolver a habilidade de também se ter um olhar diferenciado com todos nós, entre nós, para nós, sobre nós e por nós.
Porque Lean é respeito pelas pessoas.
Desenvolvemos logo no início da Pandemia de COVID 19 (2020) uma série de vídeos no YouTube intitulada: “Cuidar de Quem Cuida”.
Por um lado, essa série teve como foco estimular esse olhar da gestão para os profissionais da saúde que estão na linha de frente, devido à real importância da sustentação em tempos de crise, empatia com as necessidades geradas pelo desconhecido que traz por si só uma ameaça (o vírus – SARS Cov2), instrumentalização com discussões sobre ferramentas que poderiam favorecer os processos de trabalho.
Por outro lado, realizamos de abril a julho, mentorias online gratuitas com os profissionais da saúde de diversos Estados brasileiros, da iniciativa pública e privada. As mentorias nos mostraram o quanto os profissionais de saúde precisam de espaço de escuta verdadeiro e o quanto eles podem contribuir para os serviços de saúde, ao desenvolverem habilidades de operacionalizar ferramentas de gestão, em melhorias simples em seus processos de trabalho como 5S, reuniões rápidas (huddles), utilização da matriz de comunicação, gestão visual, pensamento A3 e a importância das lideranças que atribuíram valor em suas ações de acompanhamento das necessidades biopsicológicas, que complementam ações de políticas de recursos humanos.
Palavras nutridas de afetos, afetam com alívio a dor psíquica. – Karla Gaspar
Quantas lideranças não utilizaram palavras dessa grandeza, com habilidade e coerência para com aqueles que precisavam.
Convite ao leitor, saiba mais sobre Lean na saúde:
Conheça nossa Academia EAD, o seu ambiente de desenvolvimento: https://atosinovasaude.eadplataforma.com/
Instagram: siga – @alicesarantopoulos
YouTube: se inscreva – AtosInova Saúde