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É importante darmos ênfase que a base do Pensamento A3 é o pensamento científico. Tendo isso como premissa, vamos usar o PDCA/PDSA para fazermos a integração entre pensamento A3 e pensamento científico na saúde.

PDCA/PDSA: base do Pensamento A3

PDCA/PDSA é um método interativo de gestão de quatro passos, que é um anagrama para as palavras em inglês: P = plan (planejar), D = do (fazer), C/S = control/study (controlar/estudar), A = act (agir, avaliar).

É utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos. Também conhecido como o círculo/ciclo/roda de Deming, ciclo de Shewhart, círculo/ciclo de controle, ou PDSA.

Conceitos envolvidos no Pensamento A3

Forma do A3

O termo A3 está relacionado a uma folha de papel do tamanho do formato A3. Bem, isso pode não ter ajudado muito certo? Então, coloque duas folhas de papel A4, uma ao lado da outra. Esse é o tamanho da folha A3, com 29,7 cm por 42 cm.

Esse é o conceito da forma do A3. Mas qual o conceito do pensamento A3?

Conteúdo do A3

O pensamento A3 é uma expressão gráfica sobre o tratamento dado a um determinado problema ou oportunidade de melhoria, que se fundamenta no ciclo PDCA ou PDSA. Essa fundamentação do pensamento A3 é o mais importante, pois fará a transformação na maneira de pensar dos participantes do projeto A3, consolidada em base científica.

Relação do pensamento A3 com o Sistema Toyota de Produção (STP) ou Filosofia Lean na saúde

O A3 é uma manifestação visual de um processo conceitual de resolução de problemas, que envolverá diálogo contínuo entre a liderança ou responsável por um projeto e a equipe de trabalho do mesmo projeto.

Estrutura do Pensamento A3

Por estarmos trabalhando com uma ferramenta gráfica que fará uma manifestação visual de um processo ou problema, devemos entende-la como uma maneira de comunicar fatos, dados, significados e ações. O A3 deverá contar uma história do problema que será trabalhado pela equipe e todo seu desenvolvimento.

Estrutura do Pensamento A3

E como vamos contar essa história? Começando por seu título.

Vamos começar pelos itens do lado esquerdo do A3 (refere-se ao P de Planejar do PDSA).

  • 1. Título: deve tornar claro aos participantes sobre qual problema todos estarão envolvidos. Não se trata de um rótulo. O título deve expressar o real problema.
  • 2. Líder do projeto e participantes: deve haver o responsável por conduzir os encaminhamentos relacionados ao projeto, garantindo a participação dos profissionais que se relacionam ao problema levantado. Isso na área de saúde é muito importante, pois as equipes se compõem por profissionais de diferentes profissões e os processos de assistência são realizados por essa equipe multiprofissional.
  • 3. Contexto: é a história que envolve o problema que será avaliado/estudado. Dar condições aos participantes do A3 de compreenderem a necessidade do problema ser solucionado.
  • 4. Situação atual: é o espaço em que os dados e fatos encontrados no gemba (local real = onde as coisas acontecem) são abordados com os participantes. Na saúde, o gemba será em qualquer área em que o cuidado ou o apoio a ele é realizado. Assim, a situação atual deverá ser descrita a partir dos dados levantados no gemba pela liderança em conjunto com a equipe responsável. Nesse momento, há inúmeras trocas de conhecimento e coleta de percepções dos participantes.
  • 5. Objetivos e metas: sugerimos fortemente que se adote o objetivo SMART.
  • 6. Análise da causa raiz: é analisar os dados levantados não se precipitando quanto à raíz do problema. Os dados deverão ser devidamente estressados através do Diagrama de Ishikawa ou Espinha de Peixe, 5 por quê´s. Essa etapa é fundamental para o sucesso do projeto, pois é quando a equipe é real dimensão do(s) problema(s) que deverão ser trabalhados com contramedidas ou propostas para solucionar os problemas.

Agora que já entendemos a situação atual, suas causas e onde queremos chegar, vamos passar para o lado direito do A3 (refere-se ao D de Fazer, S de Estudar e A de Agir do PDSA).

  • 7. Contramedidas: são propostas para cada item identificado como problema no Diagrama de Ishikawa ou nas respostas do 5 por quê´s. Deve-se ter uma atenção especial às contramedidas de tal forma que elas mantenham essa correspondência com a análise de causa raíz.
  • 8. Plano de ação: nessa etapa do A3 o líder e a equipe irão traçar as ações necessárias e específicas para que os objetivos sejam alcançados.
  • 9. Análise e acompanhamento: deve-se nessa etapa correlacionar os resultados alcançados com os objetivos traçados. Caso os objetivos tenham sido atingidos, abre-se a fase de se pensar na sustentação do processo e, se o objetivo tiver sido alcançado em parte ou não alcançado, é esperado que um novo A3 (com seu PDCA) seja iniciado para que se aprofunde o conhecimento do problema que podia estar subjacente ou mais após as melhorias realizadas, tenha se tornado mais factível de ser identificado.

Trabalhe com objetivos S.M.A.R.T

O termo S.M.A.R.T. significa esperto ou inteligente na tradução da língua inglesa e é um acrônimo para as palavras Specific, Measurable, Attainable, Relevant e Time Bound. Portanto, as metas S.M.A.R.T. podem resumir de forma bastante assertiva os passos necessários para alcançar o patamar que alguém deseja.

Como desenvolver as metas SMART?

S = specific (específico). Bons objetivos não podem ter duplo sentido.

M = measurable (mensurável). Aqui o foco é entender que precisamos sempre definir metas mensuráveis, ou seja, que podem ser medidas.

A = attainable (atingível).

R = relevant (relevante).

T = time bound (temporal).

O método SMART foi feito para definir metas, sejam elas pessoais ou profissionais. Para dar um direcionamento para os líderes, Peter Drucker, conhecido como o pai da moderna gestão de empresas, criou o método SMART.

Profissional da saúde: pensamento clínico e pensamento científico

Para todos nós, profissionais da saúde, que em algum momento podemos questionar se a gestão faz parte de nosso dia a dia no atendimento clínico, vejam como o médico infectologista Stefan Cunha Ujvari relaciona o pensamento científico e o raciocínio clínico em seu livro “História das Epidemais” (2020).

Ele mostra que Francis Bacon influenciou sua época com suas publicações e defendeu o desenvolvimento científico. Que Bacon acreditava que as ciências aperfeiçoariam as ações do homem com melhoria nas condições do progresso. Ele difundia a ideia de observar os fatos e registrar as impressões para as conclusões. Quanto maior o número de dados obtidos, melhor seria a conclusão científica.

No desenvolvimento da ciência experimental o médico húngaro Ignaz Philipp Semmelweis, duzentos anos após Bacon, defendeu sua teoria de que a lavagem rigorosa das mãos dos alunos com produtos químicos poderia destruir a substância cadavérica que levava à febre às parturientes examinadas após o procedimento de dissecção de cadáveres. E que o trabalho de Semmelweis era perfeito na elaboração, coleta de dados, interpretação de resultados e conclusão.

Esse pensamento científico de Bacon e o pensamento clínico são a base do Pensamento A3. Portanto, todos os profissionais da saúde que prestam cuidado, estão realizando o pensamento científico e estão acostumados com esse exercício. No entanto, quando se trata de resolver um problema que não é clínico, não exercitamos esse pensamento e por muitas vezes, nos deparamos em um muro de lamentações.

O que queremos com esse artigo é mostrar a importância e a correlação do pensamento clínico com o pensamento A3 e encorajá-lo a aplicar no seu dia-a-dia na gestão da saúde, assim como o faz na gestão clínica do seu paciente.

Aspectos fundamentais do responsável pelo A3 / Líder

Devemos resgatar sempre um princípio do Lean que é RESPEITO PELAS PESSOAS. Assim, deverá haver uma relação de respeito mútuo entre os participantes do pensamento A3, entre o líder e os participantes.

O líder Lean deve ter o compromisso de desenvolver as pessoas. Dessa forma, ele poderá ter ao longo do tempo, novos cientistas da melhoria que desenvolverão novas melhorias, em um círculo virtuoso e ascendente de transformação contínua em nossas instituições de saúde.

A liderança deverá progressivamente se desenvolver para:

  • Atribuir e confiar na responsabilidade do colaborador.
  • Aprender a aprender, inclusive com os colaboradores.
  • Transformação conjunta.
  • Diálogo.
  • Gemba.
  • Pergunte – questione.
  • Respeito.
  • Estimule o pensamento A3.
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Dicas para o leitor:

“O que é esse tal de Lean Healthcare”. Alice Sarantopoulos, Gabriela Spagnol, Li Li Min, Ronaldo Calado. 2ª Edição. 2018.

“Desenvolver Pessoas: Propósito do Líder Lean”. Rosa Colombrini, Alice Sarantopoulos, Sônia Cavinatto, Gabriela Spagnol, Li Li Min. 2020.

Case prático da aplicação do Pensamento A3 na saúde: leia aqui

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