Skip to main content

Lean Healthcare ou como é chamado em português, saúde enxuta, é uma filosofia de gestão que teve origem na Toyota – Japão e que tem sido aplicada na saúde desde 2000 com resultados excelentes de redução de tempo de espera, redução de eventos adversos, redução de infecção hospitalar, melhoria da satisfação do paciente e do colaborador, redução de custo, entre outros. Para isso, A filosofia Lean Thinking (traduzido como Pensamento Enxuto), aparece na saúde com um forte poder transformador.

E o que é Lean Thinking?

Lean Thinking é a dinâmica, baseada no conhecimento e no processo focado no cliente, através do qual todas as pessoas, em certa instituição, eliminam continuamente os desperdícios com o objetivo de criar valor para o cliente (paciente).

A aplicação da filosofia Lean na gestão em saúde ou Lean Healthcare ou Gestão de Saúde Enxuta, além de eliminar os desperdícios de recursos, cria trabalho padronizado e sustentável, também melhora a experiência dos pacientes, agregando valor para eles.

https://youtu.be/VHu1i4QUwnY

O Cenário da implementação de Lean Healthcare

O pensamento Lean, seus métodos e ferramentas foram popularizados há mais de três décadas devido aos excelentes resultados de melhoria em diversos segmentos da manufatura.

No livro “A Máquina que Mudou o Mundo”, Womack e Jones, em 1990 afirmaram que a produção enxuta teve origem no Sistema de Produção da Toyota (TPS). Destacaram os sete tipos de desperdícios a serem eliminados nos processos de produção. Com referência a Taichii Ohno, intitulado o “pai do TPS”, os sete desperdícios são identificados como: excesso de produção, estoque excessivo, transporte, movimento desnecessário, defeitos, espera e atrasos, e super processamento (Série desperdícios Lean na Saúde/ Youtube). Além disso, Womack e Jones introduziram um oitavo desperdício, a subutilização do talento humano.

Os gestores têm encontrado no pensamento Lean uma maneira de melhorar a produtividade e eliminar esses desperdícios através das práticas e uso de ferramentas do Lean e da aplicação dos princípios da sua filosofia.

O que sabemos é que o Lean muda a maneira com que as pessoas pensam, antes a gente lamentava pelos problemas, hoje a gente considera os problemas como oportunidade de melhoria.

Como estão as Instituições e a Saúde no Brasil?

A primeira vez que alguém pensou na possibilidade de aplicar a filosofia de gestão da Toyota na saúde foi em 1995. A partir de 2000, essa aplicação começou a se intensificar e seus resultados já brilhavam os olhos de quem ouvia. Os resultados encontrados iam desde redução de mortalidade, redução de tempo de internação e fila de espera até aumenta da satisfação do colaborador e paciente e diminuição de custo de internação e de procedimentos.

Nós sabemos, no entanto, que no Brasil ainda temos bastante caminho a ser percorrido pela frente. Sabemos que os recursos financeiros são finitos porém as necessidades da saúde infinitas, principalmente, se considerarmos o atual momento de pandemia de COVID19. O Brasil vive momentos conturbados e difíceis, a despeito de todo o esforço do Sistema Único de Saúde, das instituições e dos profissionais. Em nosso país há um aumento anual do custo, ineficiência e carência de profissionais habilitados e capacitados.

Um terço dos médicos afirma estar com sobrecarga de trabalho, o que tem relação direta com a qualidade do serviço por eles prestados, diz um estudo. No mesmo estudo, Scheffer relata que a cada ano, 220 mil mortes poderiam ter sido evitadas e que a cada hora, 4 pessoas morrem por erros na saúde. Além disso, há uma ineficiência relacionada à gestão, que encarece os custos da saúde e que é percebida pela população brasileira.

Sendo assim, muitas organizações estão buscando aperfeiçoar os seus processos ao aplicar metodologias e ferramentas de gestão que possam melhorar a qualidade dos seus serviços.

O Lean Healthcare aparece então, como uma solução eficaz para aumentar a qualidade, eficiência e segurança, atrelado à redução e custos na saúde do País.

Podemos definir o Lean Healthacare como o compromisso cultural de uma organização para aplicar o método científico para projetar, realizar e melhorar continuamente o trabalho entregue por equipes de pessoas, levando a valor mensuravelmente melhor para os pacientes e outros stakehoulders. Realmente é isso que queremos para a saúde do nosso país e é isso temos feito na AtosInova Saúde.

Onde podemos aplicar o Lean Healthcare?

Temos aplicado o Lean na saúde não apenas em Hospitais de grande porte mas também em clinicas e laboratórios. Vemos sucesso também em Unidades de Pronto Atendimento, ambulatórios de especialidades médicas, hemocentros, Instituições de longa permanência para idosos e Centros de Saúde.

Certamente, o Lean pode ser aplicado em todas as áreas dessas instituições de saúde. Sugerimos iniciar em uma área piloto e avançar para as demais áreas. Não existe um local ou mesmo uma categoria profissional que não possa aplicar os conceitos do Lean. Atuamos em todas as camadas da instituição, construindo realmente um DNA Lean.

Como o Lean ajuda as instituições de saúde?

Costumamos dizer que, com o Lean todos são extremamente ajudados. Os pacientes são os primeiros a ver a diferença no cuidado. Os profissionais se sentem cada vez mais motivados e realizados. As fontes pagadoras, sejam elas: o convênio, o governo ou o próprio paciente, vê a economia no cuidado. Os diretores e stakehoulders ganham com isso tudo e por fim a sociedade, que passa a confiar cada vez mais nos serviços de saúde.

Não tem como não se apaixonar por essa filosofia de gestão!

Gostaríamos que você sentisse um pouquinho o poder do Lean em transformar a rotina de uma equipe de saúde do SUS. Veja nesse vídeo o depoimento da equipe da Rosa Colombrini após o início da Jornada Lean no Hospital Dia:

https://youtu.be/VTTJ8XrCc_w
Experiência da aplicação do Lean no Hospital Dia com Rosa Colombrini e equipe.

 

Quais os princípios do Lean na saúde?

Hoje, temos seis princípios que foram criados especificamente para a saúde, diferentes dos da indústria. Veja como eles são mais adaptáveis à saúde:

  1. Atitude de Melhoria Contínua: Sempre precisamos querer melhorar. Sempre temos oportunidade de fazer melhor.
  2. Criar Valor: Lean é criar valor para o paciente, tudo que fazemos deve agregar valor, ou para o cliente interno ou para o cliente final (paciente). Tudo que fazemos e que não agrega valor é desperdício e deve ser eliminado.
  3. Unidade de Propósito: Lean é uma unidade de propósito em que todos estão alinhados “remando o barco” para o mesmo destino.
  4. Respeito Pelas Pessoas que fazem o trabalho: Esse é um dos pilares do Lean na Toyota e significa ouvir os que estão na linha de frente e incluí-los no processo de melhoria.
  5. Visual: Isso significa que instituições Lean possuem transparência nos dados. Os indicadores são atualizados constantemente e quem está na liderança e linha de frente consegue usá-los para tomada de decisão. Além disso, todas as ferramentas do Lean são muito visuais e uma instituição Lean trabalha com padronização simples e visual e gestão visual. Você nota isso logo quando entra no hospital Lean.
  6. Padronização com Flexibilidade: A padronização é um dos pilares do Lean. Sempre quando melhoramos um processo, precisamos criar padrão para manter os resultados e então melhorar mais um pouquinho. Quando criamos um padrão, não podemos achar que esse padrão será mantido para sempre. Precisamos ser flexíveis e permitir alterar o padrão quando tivermos novas evidências, necessidades diferentes ou até mesmo ideias melhores. Afinal, na saúde, temos muito dinamismo e precisamos atuar com flexibilidade.

(Para saber mais sobre cada princípio Lean, veja os nossos vídeos abaixo).

https://youtu.be/MC_xYVcNtPE

 

Certamente, Lean é uma abordagem de gestão inovadora que se mostrou bem-sucedida em organizações de saúde. “Ela oferece a promessa de melhorar a qualidade e a eficiência, ao mesmo tempo em que controla os custos na prestação de um atendimento otimizado ao paciente”.

“O que é esse tal de Lean Healthcare” tem como uma das autoras nossa CEO e será publicado pelo Ministério da Saúde para o Projeto Lean nas UPAs.

Clique aqui para receber o livro, gratuitamente, em seu e-mail.

Nossa vivência, permite afirmar que ao implementar a Filosofia Lean Healthcare e seus princípios entramos em uma jornada de melhoria contínua em espiral contínua e ascendente, pois há a transformação da cultura organizacional, com respeito pelas pessoas (colaboradores e pacientes/família/comunidade). Ou seja, implementar Lean não é utilizar um conjunto de ferramentas de gestão.

A transformação cultural experienciada na prática do Lean, requer uma grande mudança de papéis em que é necessário criar condições desde a alta gestão até a linha de frente na saúde para que os gerentes se tornem líderes inspiradores para as mudanças e as melhorias contínuas.

Sendo assim, com essa transformação na atitude da liderança é possível disseminar a Filosofia Lean em toda a instituição, com envolvimento dos colaboradores na identificação e solução de problemas, tornando-os em cientistas da melhoria para agregar valor para o paciente.

Quais as principais ferramentas do Lean Healthcare?

  1. Mapeamento de fluxo de valor: Também pode ser chamado de Mapeamento da Jornada do Paciente. Usamos essa ferramenta para mapear os processos e quando se trata da jornada do paciente, para mapear os passos do paciente. Não fazemos isso dentro de uma sala de trabalho, fazemos isso no “gemba”, ou seja, o local real onde o cuidado é realizado, onde o trabalho acontece.
  2. O 5S: Essa é uma ferramenta simples, porém poderosa para gerar eficiência e padronização na saúde. Em alguns casos, um bom 5S pode inclusive salvar vidas. Basicamente se trata de 5 passos para implementar uma organização no ambiente de trabalho que seja mantida por todos, facilitando o dia a dia do profissional.
  3. O Pensamento A3 ou relatório A3: Chamamos de pensamento A3 porque muito mais que um relatório, é a maneira de pensar do cientista da melhoria que tem como base o PDSA. É a grande ferramenta do Lean, uma das chaves de sucesso da Toyota e que tem transformado os processos de saúde e ajudado os profissionais a saírem do “muro de lamentação” e partirem para a ação com resultados eficazes.
  4. Ciclo PDSA: É o ciclo que forma toda a base da qualidade, P (plan), D (do), S (study), C (check). Planejar, realizar, estudar e checar.
  5. Trabalho padronizado: Sempre quando realizamos uma melhoria, padronizamos. Essa padronização deve levar em conta o tempo disponível para realização daquela atividade, o passo a passo do profissional e o estoque disponível.
  6. Gestão Visual: É como o painel do nosso carro, toda informação importante para o motorista está ali. É como o monitor cardíaco do nosso paciente. Precisamos criar a cultura de realizar a gestão visual dos indicadores de qualidade e produção e fazer isso na linha de frente, nas unidades de saúde.
  7. Poka-Yoke: Barreira para o erro. O poka-yoke deve ser utilizado toda vez que encontramos um quase erro ou potencial evento adverso.
  8. Kanban: o kanban é uma sinalização (super visual) que nos ajuda a gerir estoques, atividades, etapas, pacientes e até nossas tarefas diárias. Saiba mais nesse artigo que a Rosa Colombrini escreveu sobre Kanban na saúde.
  9. Os Eventos Kaizen: Kaizen significa melhorar tudo, todos e o tempo todo. Os eventos kaizen são as pequenas melhorias que realizamos em nosso ambiente de trabalho. Seja ela mudar um carrinho de parada de local para facilitar a atuação da equipe na urgência ou até a implantação de um novo protocolo medicamentoso.
  10. SMED: Ou troca rápida de ferramenta é utilizada na saúde para diminuição de setup, por exemplo, de sala cirúrgica. Entre a saída de um paciente já operado e a entrada do próximo, utilizamos o SMED para reduzir este tempo de sala ociosa.

Conheça nossos cursos de Lean Healthcare

https://youtu.be/cYW0eihhPHQ
Apresentação do curso gratuito Jornada Lean na Saúde: Ponto de partida

Link para nossa plataforma de EAD: https://atosinovasaude.eadplataforma.com/

Dicas para o leitor de Lean Healthcare:

  • “O que é esse tal de Lean Healthcare”. Alice Sarantopoulos, Gabriela Spagnol, Li Li Min, Ronaldo Calado. 2ª Edição. 2018. Peça pelo site da AtosInova Saúde o seu PDF.
  • SCHEFFER, Mário. Programa Mais Médicos: em busca de respostas satisfatórias. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 19, p. 637- 670, 2015
  • BERTANI, Thiago Moreno. Lean Healthcare: Recomendações para implantações dos conceitos de produção enxuta em ambientes hospitalares. 2012. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
  • GOHR, Cláudia Fabiana et al. A PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE LEAN HEALTHCARE: REVISÃO E ANÁLISE CRÍTICA. RAHIS, v. 14, n. 1, 2017
  • Toussaint JS, Berry LL. The promise of Lean in health care. Mayo Clin Proc. 2013;88(1):74-82. 

Convite ao leitor, saiba mais sobre Lean na saúde:

Conheça nossa Academia EAD, o seu ambiente de desenvolvimento: https://atosinovasaude.eadplataforma.com/
Instagram: siga – @alicesarantopoulos
YouTube: se inscreva – AtosInova Saúde

alice

Author alice

More posts by alice