Inteligência emocional na saúde é um tema instigante e desafiador, pois pode parecer algo simples para ser tratado por profissionais já com um preparo técnico/científico sobre aspectos relacionados às emoções/sentimentos.
A AtosInova Saúde e a IE
Em abril, ao estruturarmos o nosso negócio para atender às exigências e transformações cotidianas que a COVID-19 gerou no mundo todo, vimos a necessidade de realizarmos uma pesquisa com nossos contatos de clientes, acadêmicos e profissionais de destaque que compartilham redes sociais conosco.
A pergunta que fizemos foi: qual é o tema ou curso Lean que você considera fundamental que seja oferecido pela AIS? Obtivemos os seguintes resultados como os dois principais temas: Inteligência Emocional com 47,7% e Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV ou VSM) para o paciente com 45,5%.
Com isso, renovamos o nosso site e abrimos uma nova frente de trabalho para desenvolvermos nossos cursos que contribuirão na transformação Lean na saúde, pois temos como propósito desde o início da AIS:
DESENVOLVA AS PESSOAS. ELAS DESENVOLVERÃO OS PROCESSOS.
E com grata satisfação desenvolvemos esse trabalho considerando os resultados de nossa pesquisa e de maneira simultânea elaboramos os dois cursos mais votados: IE e MFV que estão sendo lançados em setembro/outubro de 2020.
A Maratona de IE – permitir sentir, reconhecer, nominar, desenvolver, praticar
Sabemos que IE não é uma ferramenta de gestão Lean, nem pode ser considerada uma ferramenta.
A designação de IE mais antiga remonta a Charles Darwin que referiu a importância da expressão emocional para a sobrevivência e adaptação dos seres. A partir dele ao longo dos séculos tivemos a expansão de estudos sobre esse tema e temos consciência que desde que Daniel Goleman impulsionou essa teoria relacionada a nossa natureza na década de 90, isso passou a fazer parte do aparato fundamental para o mundo do trabalho e da convivência entre as pessoas (em todas as esferas que isso poderá alcançar).
IE é um conceito em Psicologia que descreve a capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.
Como temos nossos corações ligados do Oriente ao Ocidente pelo ponto de vista da filosofia Ikigai é a competência responsável por boa parte do sucesso e da capacidade de liderança de um ser humano.
E acrescentamos que o RESPEITO PELAS PESSOAS, se faz nas coisas simples do dia a dia e na busca diária de melhorarmos enquanto seres humanos e, a partir disso, seres do trabalho (também).
Exemplo de IE no livro IE de Daniel Goleman
“Conta uma velha história japonesa, que um guerreiro samurai, certa vez desafiou um mestre Zen a explicar o conceito de céu e inferno. Mas o monge respondeu-lhe com desprezo:
– Não passas de um rústico…não vou desperdiçar meu tempo com gente da tua laia!
Atacado em sua honrar, o samurai teve um acesso de fúria e sacando a espada da bainha, berrou:
– Eu poderia te matar por tua impertinência.
– Isso – respondeu o monge – é o inferno.
Espantado por reconhecer como verdadeiro o que o mestre dizia acerca da cólera que o dominara, o samurai acalmou-se, embainhou a espada e fez uma mesura, agradecendo ao monge a revelação.
– E isso- disse o monge – é o céu.”
Assim, Goleman nos coloca frente ao nosso espelho emocional para nos conscientizarmos de quando nos tornamos presas de nossos sentimentos, sendo arrebatados por eles. Então, a pedra de toque da IE é a consciência de nossos sentimentos no momento exato que eles ocorrem.
Aspectos fundamentais da IE
- Autoconhecimento – conhecer seus pontos fortes e fracos, suas motivações e seus valores, assim como o impacto causado por esses fatores.
- Autocontrole – controlar ou redirecionar impulsos e estados de ânimo problemáticos.
- Motivação – ter prazer na conquista profissional em si, sem segundas intenções.
- Empatia – entender a estrutura emocional de outras pessoas.
- Destreza social – construir relações com as pessoas para conduzi-las na direção desejada.
Síntese de quatro livros que utilizaremos em nosso Curso de IE
Inteligência Emocional: Daniel Goleman – 1995
Um dado pitoresco do livro IE: esse livro foi lançado há 25 anos, na época o telefone da editora tinha 3 dígitos para o DDD e sete para o número. Hoje temos 2 e 8, respectivamente. Pequenas mudanças com grandes transformações em seu entorno.
Esse livro trouxe-nos outra perspectiva para pensarmos sobre situações cotidianas, inerentes a todos os seres humanos, como parte de nosso processo de vida. Com 5 partes, 16 capítulos, 6 apêndices o autor revolucionou a forma e o conteúdo proposto para conversarmos sobre a inteligência humana.
A forma em seus aspectos relacionados à anatomia e evolução de nosso cérebro, reconhecendo-o como um articulador de emoções, sentimentos, raciocínios, inteligências diversas. Em seu conteúdo reconhece e defende o cérebro emocional. Percebam o quanto os profissionais da saúde podem se beneficiar desse aprendizado. Já temos o conhecimento teórico sobre boa parte do funcionamento de nosso corpo/mente.
Sinta o instigante mergulho em temas fundamentais para os dias atuais, como:
- Quociente de Inteligência (QI) e Quociente Emocional (QE) são a mesma coisa?
- Ter QI é a chave para o bom desempenho na vida, no trabalho, nas relações humanas?
- O que podemos aprender e desfrutar com o desenvolvimento de nosso QE?
Vamos sentir o atual momento do mundo. Respire!
Sinta e pense: estamos em uma pandemia de COVID-19, em que todos nós precisamos rapidamente nos adaptarmos a situações inesperadas, com rupturas nas formas de trabalho, nas relações humanas, no convívio entre as pessoas. Todos nós sentimos a ação transversal da história humana em nossas vidas cotidianas.
Goleman em 1995 escreveu: “este milênio está se configurando como a Era da melancolia”, do mesmo modo como o século vinte se tornou a Era da Ansiedade. Dados internacionais mostram uma espécie de epidemia moderna de depressão, que se espalha de mãos dadas com a adoção, em todo o mundo, de modos modernos.
Desde o início do século, cada nova geração tem vivido sob maior risco que aquela que a antecedeu de sofrer de depressão grave, não a mera tristeza, mas uma paralisante apatia, desamino e autopiedade, no transcorrer da vida”.
Sentiram? Atual, vivo, parte de nossas vidas. De todos nós.
Mas…o autor propõe rompermos com o analfabetismo emocional. Nos sentirmos melhor. Adotarmos a alfabetização emocional como prevenção para situações extremas como a citada acima. Sim, ensinar emoções a partir de repensarmos nossas escolas, com envolvimento das comunidades.
Aproveite esse livro. Explore-o na essência, reconhecendo-se que todo novo aprendizado requer tempo e humildade, para nos respeitarmos em nossa essência humana.
Atenção Plena (Mindfulness) – Como encontrar a paz em um mundo frenético: Mark Williams e Danny Penman – 2015
Atenção Plena é sobre viver esse momento. Ao final desse parágrafo poderemos estar em uma situação completamente diferente: um telefonema, uma mensagem de WhatSapp, um vizinho bateu à porta. Então, esse momento é ÚNICO.
Atenção Plena se estrutura a partir do conceito da meditação, que ocorre há milênios nos países do Oriente (China, Japão, Índia, entre outros).
Da mesma forma que o Sistema Toyota de Produção (STP) foi adequado em certa medida à realidade e cultura Ocidentais, também entendemos que houve um processo de adaptação da meditação realizada no Oriente e a “Atenção Plena” hoje praticada no Ocidente e estimulada pelas mais variadas empresas, sendo necessário criarmos espaço para sua prática nas organizações de saúde.
Os autores deixam claro que o objetivo do livro é “mostrar onde a felicidade, a paz e o contentamento podem ser encontrados e como você pode redescobri-los…não prometemos felicidade eterna…” e reconhecem que “o conhecimento da meditação era disseminado no mundo antigo e é mantido até hoje em certas culturas. Mas, na cultura ocidental, muitas pessoas esqueceram como viver uma vida agradável e alegre”.
E novamente, nós vamos instiga-lo, querido leitor, a pensar sobre esse movimento existente pela “Atenção Plena”. Nossa sociedade moderna enfrenta a ansiedade, o estresse, a exaustão e até mesmo a depressão com sérios riscos para as pessoas que vivem tais situações, como para aqueles que pertencem ao círculo de convivência. Particularmente, nós profissionais da saúde, que lidamos diariamente com a dor, o sofrimento, a perda, a angústia e incertezas de nossos pacientes, precisamos estar atentos a nós mesmos e aos nossos pares.
Ou seja, buscar compreender melhor a natureza humana e como substituir sentimentos e emoções tão dolorosos por emoções que possam trazer conforto, como alegria, paz, contentamento, felicidade.
Simples assim? Os autores nos encorajam a romper com hábitos de pensamentos e comportamentos, com ações simples, por exemplo: mudar o caminho que você faz para o trabalho. Perceba que o que somos estimulados é assumirmos fazer pequenas escolhas no dia a dia e associarmos uma prática de meditação orientada, que tem uma base científica e acadêmica de seus benefícios, ao mostrar estudos em que os meditadores regulares são mais felizes e mais satisfeitos do que a média das pessoas.
Esse livro apresenta um curso de oito semanas. Pode durar um pouquinho mais.
Fica a Dica: Você poderá se beneficiar com essa prática que foi adotada como tratamento pelo Instituto Nacional de Excelência Clínica do Reino Unido.
Agilidade emocional: Susan David – 2018
“Agilidade Emocional” nos faz refletir sobre aspectos bem cotidianos. Duas perguntas e dois exemplos.
1. Você já reprimiu seus sentimentos? Algo ou alguma situação difícil tomou conta de você e sua atitude foi a de seguir em frente. Não há espaço para efetivamente sentir e refletir sobre o que aquele momento significou para você. É como se você tivesse limpado sua mente com uma vassoura, mas ao invés de lidar com a sujeira, apenas a arrastou para debaixo de um tapete. Esse comportamento está evidente em frases como “engula o choro”, ou “homem de verdade não chora”, algo que muitos ouviram em sua educação.
2. Você já ruminou alguma situação? Alguém fez algo que você não gostou. E você retorna para aquele momento/pensamento milhares de vezes e a cada vez que o revisita você tem uma atitude, um pensamento ou um sentimento que dá lugar à reação teoricamente desejada por você. Esse comportamento é muitas vezes justificado por “um desabafo”. O problema é quando esse desabafo se torna repetido – e o assunto é falado por diversas vezes, mas nunca de fato trabalhado e superado. Percebem o perigo de se ruminar uma emoção?
O quanto isso (reprimir e ruminar) contribui para nossas vidas pessoais e profissionais? Possivelmente, o nosso leitor responderá: NADA. E, assim, bons professores como Susan David e boas teorias permitem que nos olhemos com maior generosidade, curiosidade, afeto para nos conhecermos melhor, com ações mais ajustadas ao nosso modo de ser e de querer ser, que nos distanciem de dores desnecessárias e que respeitemos mais aqueles que estão próximos a nós e que amamos.
O livro traz exemplos tão práticos para a vida cotidiana e nos coloca sob a perspectiva de um atleta, mais especificamente um ginasta, que precisa de agilidade. Um determinado movimento poderá colocá-lo por instantes fora do equilíbrio na barra ou outro aparelho, mas com o desenvolvimento adquirido durante os treinos ele conseguirá retornar agilmente/prontamente para a continuidade do movimento. Com relação às emoções, aprenda com a Susan David e seja ágil como um atleta!
Ikigai: Héctor García e Francesc Miralles – 2018
“Qual é o sentido que você dá a sua vida?” E daí Ikigai “fala” com você.
Ikigai trata de vida e de propósito!
Diariamente descobrimos o mundo. E assim, Héctor García e Francesc Miralles, trazem “gotas de sabedoria orientais” para nossos espaços e vidas ocidentais.
Pessoas famosas têm explorado Ikigai ao sugerirem a prática dos exercícios propostos no livro. Possivelmente, você se manterá sorrindo por todo o tempo de leitura. Não, não, não. Não é engraçado. É encantador, lúdico, profundo, suave, intenso, leve, amoroso, simples…essas e outras percepções são capazes de nos manter sorrindo.
Ser um descobridor de si mesmo. Isso é potente e transformador de mundos. Nossos mundos individuais, que se entrelaçam no cotidiano coletivo e abundante das paixões, das missões, das vocações, das profissões. Isso muda o resultado de tudo.
Cuide-se
Ao abordarmos o tema inteligência emocional (IE) em um artigo ou em um processo de desenvolvimento dos profissionais, não se busca fazer sessões de análises terapêuticas, mas propiciar reflexões que favoreçam que o profissional da saúde entre em contato com ele mesmo.
Convite ao leitor, saiba mais sobre Lean na saúde:
Conheça nossa Academia EAD, o seu ambiente de desenvolvimento e veja a nossa disponibilidade de Workshop de Pensamento A3 Online: https://atosinovasaude.eadplataforma.com/
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