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“Compreenda o Estresse” é um texto escrito por Daniel Paixão Pequeno, Psicólogo, mestre em Oncologia e doutorando em Clínica Médica pela Universidade de Campinas (UNICAMP). O melhor indicativo de como será nosso futuro é compreender nosso passado. O mesmo é certo para a compreensão humana. Para entendermos as doenças em certas pessoas, pesquisamos sobre seu histórico familiar, e em outras, sobre seu histórico pessoal de hábitos. Todos os dias novas descobertas são feitas sobre o estresse e as bases fisiológicas, psicológicas, genéticas e epigenéticas (isto é, além da genética, é a ciência que trata dos mecanismos moleculares envolvidos na interação entre fatores ambientais e a expressão da informação contida no DNA). Já se conhece o caminho do “estressor”, sendo a situação que passamos (ex: a pandemia ou o diagnóstico de uma doença), a resposta ao estresse, que passa pelo sistema nervoso autônomo e simpático, para que o corpo responda adequadamente ao estresse, e dessa forma, retorne ao equilíbrio.

Compreenda a Resposta ao Estresse: Reduzida ou Exagerada

O foco de nossa discussão será em torno de quando a resposta ao estresse não é adequada, podendo ser extremamente exagerada ou reduzida frente a situações estressoras. A resposta exagerada tem sido relacionada a depressão e transtornos depressivos com sintomas posteriores a situação estressora, e a redução da resposta ao estresse está ligada ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), que ocorre após o indivíduo vivenciar por exemplo um acidente ou violência urbana, e após o acontecimento começa a apresentar sintomas como flashbacks e memórias vívidas do ocorrido etc., que afetam diretamente a saúde mental e a qualidade de vida da pessoa. A baixa resposta ao estresse (baixa liberação de hormônios relacionados à resposta ao estresse) é um dos fatores que altera a percepção das memórias, estabelecendo-a como uma experiência traumática. Mas por que somente de 10 a 20% da população apresenta sintomas e, mais adiante, um diagnóstico de TEPT e a imensa maioria não? Por que o mesmo ocorre com outros transtornos de ansiedade ou também com a depressão? Em um meio urbano, as chances de presenciar tais eventos adversos é muito mais alta que em um meio rural. Porém, somente uma pequena parcela da população apresenta tal transtorno. Nosso corpo está preparado para lidar com situações estressantes, e nosso sistema de luta e fuga é o que nos ajuda a identificar e tomar decisões frente a uma situação de perigo. Após a situação de estresse, nosso corpo deve retornar ao equilíbrio, do batimento cardíaco à liberação de cortisol, e algumas diferenças individuais que serão abordadas a frente, podem fazer com que nossa resposta ao estresse ou o retorno a nosso equilíbrio sejam alteradas, desta forma nos colocando em maior vulnerabilidade de doenças e transtornos psiquiátricos.

Base do Estresse

Retomemos o que foi descrito acima. Cada indivíduo tem uma composição física diferente, o que os coloca em proteção ou vulnerabilidade a tais transtornos. O mesmo ocorre na questão psicológica, do histórico psiquiátrico às adversidades na infância, como morte parental ou abuso físico, emocional ou sexual quando criança, por exemplo, são aspectos pessoais que comprovadamente aumentam a susceptibilidade a transtornos psiquiátricos e também a diversas doenças na vida adulta. Assim como mencionado, as questões genéticas também são únicas a cada indivíduo e podem estar relacionadas ao aumento ou diminuição da liberação dos hormônios já citados, indicando predisposição a tais transtornos quando frente a situações estressoras. Questões epigenéticas são mais complexas, pois são alterações na expressão dos genes e não em sua composição, e estas podem ser moduladas pelo acúmulo de situações estressoras ou até mesmo as adversidades na infância.

Compreenda a Complexidade do Estresse

Desta forma, observamos a complexidade sobre o tema estresse. O que inicialmente descreveríamos somente como estresse no trabalho, no trânsito, nas relações interpessoais, se de alguma forma desregulado, pode afetar diversas esferas de nossas vidas. Logo, frente a tantas variáveis que irão diferir de indivíduo a indivíduo, o tratamento das condições que o estresse pode causar não é sempre o mesmo, porém o cuidado a tais pessoas sim. A resiliência, palavra atualmente usada a exaustão, começa a sair do âmbito da auto ajuda, e começa a ser empregada em outros contextos. Ser resiliente a situações novas é estar pronto a enfrentar, viver, superar e aprender com o estresse que as experiências da vida podem nos causar, e esta não é somente psicológica, mas também fisiológica e genética. Somos seres complexos, e reduzir o sofrimento e as dificuldades a meras simplificações não nos ajudam entender a grandeza de nossos sentimentos. Somos seres em evolução constante, e assim como nós, nossa reação ao estresse é adaptativa, ela ocorre para que respondamos adequadamente ao estresse e também evitemos experiências ruins ou traumáticas por lembrança de experiências passadas. Desta maneira, frente ao que temos vivido nessa pandemia, é muito comum termos dificuldades em assimilar tudo de (não) tão novo a nossa rotina. Tirando tudo que já foi dito sobre como lidar melhor com a pandemia, algo mais subjetivo e muitas vezes oculto é identificar nossa razão intrínseca de viver. Ao pensar nos meios de trabalho, observamos que o produto do sacrifício humano tem se tornado coisas, e não experiências (perdendo o IKIGAI).
O mostrar se coloca na frente do viver.
Assim como na obviedade que é “humanizar” os cuidados, que significa retomar o cuidado e conforto na frente da cura, algo que deveria nos ser inato, o viver no lugar de ter também deveria ser óbvio.

Dias Nublados: Compreenda o Estresse

Vivemos os maiores tempos de incertezas dos últimos anos, e no campo figurativo podemos dizer que nossos dias estão nublados. Pessoas em outras épocas vivenciaram guerras, conflitos, ditadura, momentos de incerteza, opressão e a dúvida que o próximo dia chegaria. Hoje nos deparamos com um vírus novo que deixou o mundo todo, não somente o Brasil, em reclusão total, e trouxe muitos desses sentimentos à tona. Situações novas levam ao estresse, estresse pode levar à adaptação para alguns e ao desconforto constante a outros, o que leva à ansiedade, depressão, que por sua vez leva à pior qualidade de vida global de tais indivíduos. Estamos lidando com isso assim como o mundo todo. Um mundo inteiro com altos níveis de estresse, por mais de um ano, que deixará marcas daqui pra frente (saúde mental na pandemia da COVID=19)

Cuidar de si, para também cuidar do outro

Para o manejo inicial do estresse, se indica normalmente atividade física frequente, alimentação saudável, retomada de atividades de lazer e algumas práticas integrativas como práticas de mindfulness (Artigo de Atenção Plena). Quando o estresse começa a prejudicar a saúde física e emocional, alterar a vida social e profissional, causando sintomas de alguns transtornos como depressão ou ansiedade, a indicação abaixo costuma ser a mais indicada. Saliento também a importância em procurar um profissional para conversar, saber que existe um núcleo de apoio psicológico e que você não estará sozinho. Algumas pessoas não se sentem confortáveis em conversar com familiares e amigos sobre alguns sentimentos que têm apresentado, para isso está disponível 24h para todo o território nacional o Centro de Valorização da Vida, o CVV, no qual as pessoas podem ligar no 188 e conversar com alguém treinado a escutar e acolher seus sentimentos. Próximos a você podem existir Unidades Básicas de Saúde que dispõem de psicólogos, faculdades têm clínicas-escola que dispõem de diversos tipos de atendimento gratuito. Existem formas de encontrar ajuda. Assim como qualquer tratamento, é importante perceber em si mesmo a necessidade de entrar em contato com alguns sentimentos (Curso de Inteligência Emocional).
“Isso pode ser difícil, desconfortável inicialmente, mas a noite sempre é mais escura antes de amanhecer, e o sol sempre aparece.”

Saúde: do Cuidador e de Quem é Cuidado

Daniel Pequeno, nos presenteia com um texto técnico e sensível. Nos conduz a pensar sobre os caminhos de nossos sentimentos e emoções, seus desdobramentos em nossas vidas e de maneira simbólica aponta que nuvens podem cobrir nosso sol, porém podemos acessar recursos que estão disponíveis em nós e quando isso não acontece, temos os recursos de sermos cuidados por alguém. Para nós da AtosInova Saúde, pensar na saúde mental das pessoas, independente do momento histórico, é respeitar as pessoas. Isso é Lean (Artigo sobre Lean Healthcare).

Consultoria Lean na Saúde

Caso você queira implantar em sua unidade de saúde a Filosofia Lean, podemos ajudá-lo através de nosso serviço de consultoria.

Dicas para o leitor:

Saiba mais sobre Entrevista Motivacional: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/jihm/article/view/11800/7071 “O que é esse tal de Lean Healthcare”. Alice Sarantopoulos, Gabriela Spagnol, Li Li Min, Ronaldo Calado. 2ª Edição. 2018. Peça pelo site da AtosInova Saúde o seu pdf.

Convite ao leitor, saiba mais sobre Lean na saúde:

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